A liderança camponesa paraibana Elizabeth Teixeira recebeu, nesta sexta-feira (18), o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A cerimônia foi realizada no Campus I, em João Pessoa, e emocionou os presentes, ao celebrar o centenário de uma das figuras mais importantes da história da luta pela reforma agrária no Brasil.
A honraria reconhece o legado histórico e político de Elizabeth, que assumiu o protagonismo das Ligas Camponesas após o assassinato de seu marido, João Pedro Teixeira, em 1962. Desde então, sua trajetória foi marcada pela resistência ao latifúndio, perseguições políticas, clandestinidade e o firme compromisso com a justiça social no campo.
UFPB reconhece trajetória de luta de Elizabeth Teixeira
A concessão do título foi aprovada por aclamação durante reunião do Conselho Universitário (Consuni) da UFPB, realizada em 13 de maio. A proposta partiu do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas do CCHSA, por iniciativa da pesquisadora Iranice Gonçalves Muniz, referência nos estudos sobre a questão agrária.
A cerimônia foi presidida pela reitora Terezinha Domiciano e contou com apresentações musicais de Adeildo Vieira, do Coral Nossa Voz e de João Muniz, que interpretaram canções em homenagem à homenageada, que completou 100 anos em fevereiro de 2025.
Jô Oliveira participa da cerimônia e celebra o legado
Presente no evento, a vereadora de Campina Grande, Jô Oliveira, destacou em suas redes sociais o simbolismo do momento. “Foi uma honra participar dessa cerimônia tão simbólica e necessária. A trajetória de Elizabeth, marcada por coragem e compromisso com o povo trabalhador, ecoa até hoje nas lutas por terra, justiça e dignidade”, escreveu Jô.
Ela ainda acrescentou: “Que esse reconhecimento inspire gerações a seguir resistindo e construindo um Brasil mais justo.”
Elizabeth Teixeira: um símbolo da resistência camponesa
Elizabeth Teixeira é considerada a primeira mulher a liderar uma Liga Camponesa. Após o assassinato de João Pedro, ela passou a sofrer intensa perseguição, tendo sido presa, torturada, separada de seus 11 filhos e forçada a viver na clandestinidade com um nome falso por anos. Sua luta só passou a ser reconhecida décadas depois.
Mesmo sob repressão da ditadura militar e ataques de latifundiários, Elizabeth manteve viva a luta camponesa, tornando-se um dos maiores símbolos da resistência agrária no Brasil. O título de Doutora Honoris Causa pela UFPB é, portanto, um ato de reparação histórica e de celebração à luta do povo do campo.