O ato pela anistia em Brasília, convocado por Silas Malafaia e pelos filhos de Jair Bolsonaro, foi um verdadeiro fiasco. Apesar do forte aparato midiático e da tentativa de reviver o clima das manifestações bolsonaristas de 2022, apenas 2.800 pessoas compareceram ao evento nesta terça-feira (7), segundo levantamento feito por drones durante a manifestação.

O ato, que teve início por volta das 16h, em frente à Catedral Metropolitana de Brasília, seguiu em direção à Praça dos Três Poderes com o lema “Anistia Já”. O objetivo era pressionar o Congresso a votar o projeto que busca perdoar os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, incluindo o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão por tentativa de golpe e obstrução de justiça.

Direita tenta, mas não mobiliza público em ato a favor da anistia em Brasilia

A baixa adesão expôs o esvaziamento político da extrema direita e o desgaste da narrativa da perseguição. Em contraste com os grandes atos realizados pela esquerda em defesa da democracia, o ato pela anistia em Brasília revelou um movimento fragmentado, dependente de discursos religiosos e teorias conspiratórias.

Nem mesmo a convocação realizada por figuras conhecidas como o pastor Silas Malafaia, e de lideranças bolsonaristas no Congresso, conseguiu atrair a multidão esperada. O próprio Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto, não pôde comparecer — o que também contribuiu para o desinteresse popular.

Os organizadores chegaram a prometer a presença de caravanas de diversos estados, mas o que se viu na Esplanada dos Ministérios foram pequenos grupos dispersos, alguns portando faixas pedindo “anistia aos patriotas” e “liberdade para os presos políticos do 8 de janeiro”.

O contraste com a realidade

Enquanto tentavam pintar os golpistas como vítimas, a realidade mostrava o oposto: as condenações do STF se basearam em provas contundentes, com registros de invasão, depredação e vandalismo nos prédios dos Três Poderes.
Os bolsonaristas insistem no discurso de “perseguição política”, mas o país já demonstrou claramente, nas urnas e nas ruas, que não há espaço para o perdão a quem atentou contra a democracia.

O relator da proposta de anistia, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), admitiu que ainda há resistência dentro da Câmara e que a votação pode não ocorrer imediatamente. Mesmo com a pressão de setores da direita, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não confirmou a inclusão do texto na pauta.

Um ato que revela o isolamento bolsonarista

O ato pela anistia em Brasília não apenas fracassou em número de participantes, como também serviu como um termômetro da perda de força da extrema direita. O bolsonarismo, que antes arrastava multidões, hoje luta para reunir algumas centenas de apoiadores fiéis, dependentes de narrativas falsas e apelos religiosos.

O contraste é gritante: enquanto manifestações em defesa da democracia e contra a impunidade têm ganhado força em várias capitais, o movimento pela anistia — apelidado nas redes como “Ato da Bandidagem” — tem sido alvo de críticas, memes e ironias.

Nas redes sociais, expressões como “flop histórico”, “Marcha dos 2 mil” e “ato fantasma” se tornaram virais, refletindo o desânimo de uma base que já não acredita no retorno de Bolsonaro ao poder.

O simbolismo do fracasso

Mais do que números, o esvaziamento do ato pela anistia em Brasília simboliza o declínio político do bolsonarismo e o isolamento de um projeto que se sustentava no ódio, na mentira e na desinformação.

Mesmo entre apoiadores de direita moderada, cresce o entendimento de que anistiar golpistas seria um atentado à soberania nacional e à própria Constituição. O episódio reforça que defender a democracia é um dever de todos, independentemente de ideologia.

A direita tentou transformar o 7 de outubro em um “grito por liberdade”, mas o que se ouviu foi o eco do esvaziamento. Brasília presenciou um ato pequeno, confuso e sem representatividade, que escancarou a falta de conexão entre o bolsonarismo e a realidade do país.

O flop da anistia é mais um capítulo do fim de uma era marcada por desinformação, extremismo e ataques às instituições democráticas.